Projetos ganham paisagismo em prol da causa ambiental
Cada vez mais comuns nos empreendimentos de alto padrão, as áreas verdes geram sombras e ajudam a reduzir a temperatura dos ambientes.
A crise climática que afeta o planeta também traz à tona discussões sobre o mercado imobiliário. Edifícios sustentáveis, que utilizam menos água e energia, incorporando painéis solares e materiais reaproveitados, estão se tornando cada vez mais comuns em empreendimentos de alto padrão. Um aspecto que se destaca na sustentabilidade dos projetos é o paisagismo. Além de embelezar, as plantas escolhidas para as áreas comuns dos condomínios oferecem sombra e ajudam a reduzir a temperatura do ambiente.
As árvores desempenham um papel crucial ao remover o dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases de efeito estufa, através da fotossíntese. Elas também absorvem água do solo e liberam vapor dágua, contribuindo para a regulação da temperatura e aumento da umidade local. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as temperaturas globais podem aumentar entre 2,5°C e 2,9°C neste século, tornando vital a urbanização com áreas verdes.
A Calper é uma empresa que já incorporou essa lição em seus projetos na Barra Olímpica. Eles criaram um viveiro de cem mil metros quadrados em Santa Cruz, onde cultivam árvores que serão plantadas nos condomínios, já em tamanho suficiente para proporcionar sombra. O CEO, Ricardo Ranauro, enfatiza que os eventos recentes mostram que as incorporadoras não podem mais considerar o paisagismo apenas como uma forma de embelezamento.
— Precisamos enxergar as áreas verdes como fundamentais para a saúde física e mental das pessoas. Por isso, decidimos excluir as palmeiras de nossos projetos; apesar de serem típicas da paisagem na Barra, não atendem ao propósito que desejamos — afirma Ranauro.
Estratégia de vendas
Criar um paisagismo mais sustentável se tornou uma prática comum entre incorporadoras. A Piimo, por exemplo, está ampliando áreas verdes em seus empreendimentos, o que se transforma em um forte argumento de venda, pois os compradores buscam ambientes mais arborizados. Alguns projetos da Piimo foram desenvolvidos em parceria com o escritório Burle Marx.
— Criar áreas sombreadas e escolher espécies duradouras contribui para o conforto térmico dos moradores. Por isso, sempre que possível, implantamos cinturões verdes nas áreas comuns, como no rooftop do Paysandu 23, no Flamengo — diz o presidente da Piimo, Marcos Saceanu.
O escritório Burle Marx também está envolvido na revitalização do parque do Ilha Pura, um bairro planejado da Carvalho Hosken, recentemente adquirido pelo BTG Pactual. O parque, que ocupa uma área equivalente a dez campos de futebol, receberá mais sombra e melhorias, com investimento de R$ 20 milhões, mantendo o uso de espécies nativas e incluindo novos equipamentos e áreas de lazer.
Talitha de Abreu Ribeiro, gerente de Incorporação da Carvalho Hosken, ressalta que, apesar do Rio de Janeiro ser conhecido por sua localização privilegiada entre mar e montanha, as últimas décadas resultaram na diminuição das áreas verdes, impactando diretamente o conforto climático.
— Nosso objetivo é o oposto. Estamos renovando o parque do Ilha Pura para criar mais áreas verdes e sombra. Notamos uma tendência no mercado em investir em ações semelhantes — conclui.